Bolsa tem pior trimestre da história, com perda de 36,86% de janeiro a março

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O Ibovespa fechou o primeiro trimestre de 2020 com perda de 36,86%, a pior de que se tem registro para o intervalo de três meses, com a crise do coronavírus superando mesmo os momentos mais depressivos de 2008. Até esta terça-feira, 31, a maior perda acumulada em um trimestre, de 31,88%, havia ocorrido entre julho e setembro de 1998 - antes, em 1995, houve queda de 31,58% no primeiro trimestre ante o quarto de 1994, de acordo com AE Dados.

Nesta terça-feira, o principal índice da B3 encerrou o dia em baixa de 2,17%, aos 73.019,76 pontos, acentuando as perdas na hora final, enquanto, em Nova York, os índices de referência cederam entre 0,95% (Nasdaq) e 1,84% (Dow Jones) no fechamento da sessão. Em meio à quarentena do coronavírus, a percepção de que a economia americana já esteja em recessão levou os investidores a optarem pela cautela, após a relativa recuperação dos preços das ações desde a semana passada.

"Existia certa expectativa de que grandes investidores pudessem ingressar hoje para puxar um pouco mais para cima no fim de trimestre, mas não se confirmou", diz Eduardo Cavalheiro, gestor da Rio Verde Investimentos. "De qualquer forma, tem-se observado menos volatilidade desde a semana passada e, ao longo de abril, à medida que se tiver mais clareza sobre a extensão da quarentena, a tendência é que o mercado financeiro, como de hábito, antecipe o movimento da economia real", acrescenta. Ele nota que até o dia 10 de março a economia se manteve em conformidade, mas antes disso os ativos já refletiam um padrão de maior cautela, pelo que estava por vir: a quebra da normalidade.

No mês de março, o Ibovespa colheu perda de 29,90%, a pior desde agosto de 1998, quando cedeu 39,55% em meio à crise da Rússia. A queda livre de março ocorreu após retração de 8,43% em fevereiro, que já havia sido o pior mês para a B3 desde maio de 2018. O giro financeiro ficou em R$ 23,8 bilhões nesta terça-feira, com o índice tendo oscilado entre mínima de 72.385,14 e máxima de 75.511,03 pontos na sessão.

Em dólar, o Ibovespa já tinha ficado 12,4% mais barato em fevereiro ante o encerramento de janeiro. No fim do primeiro mês do ano, o Ibovespa dolarizado estava em 26.548,55, passando a 23.260,37 pontos no encerramento de fevereiro e, agora, a 14.051,44 no de março. No dia 23 de janeiro, quando o Ibovespa renovou máxima histórica de fechamento, aos 119.527,63 pontos, o índice dolarizado estava em 28.688,46 e, no encerramento de 2019, a 28.826,29 pontos. Assim, no ano de 2020, o Ibovespa ficou 51,26% mais barato em dólar

A última sessão do mês e do trimestre ensaiava ser positiva. "Bolsas no exterior (Ásia) subiram na madrugada, com dados positivos do PMI chinês mostrando recuperação industrial e de serviços no país, importante para o Brasil, já que a economia de lá impacta muito as nossas exportações de commodities", observa Cristiane Fensterseifer, analista de ações da Spiti.

Desde o início da tarde, contudo, o índice se firmou em baixa, renovando mínima na hora final da sessão, quando as perdas se acentuaram a 3% no pior momento. A presidente da distrital de São Francisco do Federal Reserve, Mary Daly, afirmou nesta terça-feira que os Estados Unidos já podem estar em recessão devido aos impactos da pandemia de coronavírus.

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