Juros: Taxas recuam com falas de Padilha e de Bruno Serra, com ajuda dos Treasuries

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A curva de juros continuou devolvendo prêmios, com as taxas curtas e intermediárias completando a terceira sessão seguida de queda. Hoje o alívio também se deu na ponta longa, mas em menor magnitude que os demais trechos. O presidente Lula voltou a falar nesta quarta-feira, mas desta vez poupou de novas críticas o Banco Central (BC), o nível dos juros e as metas de inflação, o que abriu espaço um ajuste em baixa nas taxas.

À tarde, o recuo se consolidou quando o ministro Alexandre Padilha tentou desfazer o mal-estar, rechaçando qualquer tentativa de "fritura" contra o BC. A oscilação em baixa no rendimento dos Treasuries em boa parte do dia também contribuiu, a despeito da volatilidade do câmbio. Na reta final da sessão, o discurso do diretor de Política Monetária Bruno Serra deu gás extra para o recuo das taxas.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,50%, de 13,661% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 13,10% para 12,77%. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 12,84% (13,10% ontem) e a do DI para janeiro de 2029, em 13,12%, de 13,32%.

As mínimas foram atingidas no período da tarde, inicialmente a partir da sinalização de Padilha e depois com a melhora no segmento de títulos dos Tesouro norte-americano. Após as reiteradas críticas de Lula ao trabalho e ao status de autonomia do BC terem deteriorado os preços dos ativos, o ministro tratou de botar "panos quentes" na situação, em declarações dadas após reunião com o presidente com líderes partidários no Planalto. "Não tem aquecimento nenhum, fervura nenhuma, fritura nenhuma", disse a jornalistas. "Garantiu" que não há intenção de alterar a lei de autonomia nem de pressionar os mandatos do BC.

Mais cedo, Lula falou após reunião com o conselho político, mas não tratou do BC. O presidente tem sido aconselhado por ministros a moderar o tom, alertando que o confronto só tem contribuído para aumentar o prêmio de risco nos leilões do Tesouro, impactando a curva de juros e pressionando o câmbio.

"Há um time dentro do Executivo atuando como bombeiro para tentar dosar as críticas ao BC, atenuando a percepção de risco no mercado. Temos uma descompressão nos ativos com essas sinalizações recentes", afirma a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, retribuiu o aceno feito pelo Banco Central na ata do Copom, dizendo que o documento havia sido mais "amigável" que o comunicado.

Alexandre Padilha hoje afirmou também que não houve qualquer discussão sobre revisão da meta de inflação na reunião de Lula e que o presidente vai indicar "nomes qualificados" para a diretoria do Banco Central para ajudar a autoridade monetária a cumprir as metas. O atual ocupante da pasta, Bruno Serra, disse que vai cumprir seu mandato até o fim deste mês e que pode ficar no cargo até a indicação de um substituto.

Na reta final da sessão, as taxas ampliaram a queda em meio à fala de Bruno Serra, em evento 'Futuro e Cenários Econômicos', da iniciativa Repensar Macaé, no Rio. Para alguns operadores, o discurso foi dovish, ao citar a desaceleração no ritmo de criação de empregos e otimismo sobre a taxa de câmbio. Profissionais também mencionam que o diretor "marcou posição" ante as críticas à autonomia que o Banco Central vem recebendo, ao afirmar que a instituição "é de Estado e não de governo". Em outra suposta resposta, disse ser importante que a meta de inflação seja "crível" e que esse foi o mesmo BC que colocou a Selic em 2%.

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