Juros: Taxas reduzem queda com aumento dos ruídos sobre meta de inflação

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O alívio de prêmios na curva de juros perdeu ímpeto na sessão vespertina, a partir de novos ruídos envolvendo a discussão sobre o aumento das metas de inflação, que reduziram o ritmo de baixa nos trechos curto e intermediário e chegaram a colocar a ponta longa em alta. Até então, as taxas vinham resistindo à piora do ambiente externo ao longo do dia, que puxou a virada do dólar e dos rendimentos os Treasuries para cima, amparados na leitura positiva das declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ontem e hoje.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,43%, de 13,51% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 12,97% para 12,82%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 13,09%, de 13,11% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2029 encerrou com taxa de 13,36%, de 13,38%.

A entrevista de Campos Neto ao programa Roda Viva era amplamente aguardada e surpreendeu positivamente. "Falou o que tinha para falar, sem deixar de tocar no fiscal, mas num tom de conciliação", afirmou a economista-chefe da B. Side Investimentos, Helena Veronese. Hoje, em evento organizado pelo BTG, o presidente do BC manteve a mesma linha das declarações de ontem.

Agradou aos agentes a postura amistosa do comandante do BC. Campos Neto defendeu que os investidores tenham maior "boa vontade" com o novo governo, considerou justos os questionamentos sobre o nível da Selic, hoje em 13,75%, e mostrou-se disposto a ir ao Congresso explicar por que a taxa está onde está. Um dos maiores temores dos agentes era de que ele confirmasse a informação de que teria assentido em elevar as metas de inflação, que circulou na semana passada e foi lida como um sinal de capitulação do BC às pressões políticas. Mas ele negou. "Não existe ganho de credibilidade se mudar a meta", disse. Admitiu, por outro lado, que é possível haver um aprimoramento do sistema.

Na quinta-feira, haverá reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) e se a questão das metas estaria ou não em pauta ainda era uma incógnita durante a sessão. Após o fechamento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o assunto não está na pauta. Campos Neto, pela manhã, sinalizou que, quando e se o assunto for debatido, votaria contra uma elevação e, diante da expectativa de que o Haddad se alinhe ao presidente Lula e vote a favor, o fiel da balança seria a posição a ministra do Planejamento, Simone Tebet.

Segundo apurou o Broadcast, Lula já avisou a equipe econômica que quer um aumento de 1 ponto porcentual na meta de 2023, de 3,25%. Lula avalia que com uma meta maior seria possível reduzir a Selic para próximo de 12% no fim no ano, com cortes consecutivos de 0,25 e 0,50 ponto porcentual, afirmaram técnicos do Ministério da Fazenda. Após a informação, a ponta longa da curva, que tem sido o melhor termômetro da discussão das metas, passou a operar em alta. Perto do fechamento, a pressão arrefeceu relatos da imprensa, que o debate sobre a elevação da meta não ocorreria necessariamente na reunião do CMN desta semana.

Nesse contexto, o exterior ficou hoje em segundo plano para o mercado de juros. Os rendimentos dos Treasuries reagiram inicialmente em baixa ao índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) dentro do esperado nas bases mensais, mas no começo da tarde passaram a subir, com o yield da T-Note de 2 anos atingindo o pico do ano, a 4,65%. Embora as leituras mensais tenham ficado em linha com o esperado, as taxas anuais desaceleraram menos do que o previsto, a 6,4% no índice cheio e 5,6% no núcleo, ante consensos de 6,2% e 5,5%. A meta de inflação nos Estados Unidos é de 2%.

Na gestão da dívida pública, o Tesouro até elevou a oferta de NTN-B no leilão, para 800 mil títulos, em relação à semana passada (450 mil), mas foram vendidos 633.750 títulos.

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