Juros: Taxas caem, na contramão do estresse dos demais ativos após Powell

Notícia
Espaço entre linhas+- ATamanho da letra+- Imprimir




Os juros futuros operaram com sinal de baixa durante todo o dia, enfraquecido depois do aumento das apostas numa ação mais agressiva do Federal Reserve na política monetária na esteira do discurso do presidente da instituição, Jerome Powell. No fim da tarde, porém, o recuo voltou a ganhar fôlego. A influência externa negativa acabou sendo limitada pela expectativa do mercado em torno do arcabouço fiscal que deve ser divulgado nos próximos dias e ao qual estão atreladas as apostas para a Selic, embora não tenha havido novidades sobre o assunto nesta terça-feira.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,19%, de 13,27% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 12,69% para 12,62%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 13,01%, de 13,10% ontem, e a do DI para janeiro de 2029 terminou a 13,42%, de 13,51%.

O mercado de juros esteve relativamente bem comportado ao longo do dia, em comparação ao estresse no exterior e que aqui afetou mais a Bolsa e do câmbio, com taxas em baixa, ainda que em ritmo menor após o testemunho de Powell no Senado dos Estados Unidos. De acordo com Powell, como os indicadores econômicos mais recentes vieram mais fortes do que o previsto, o juro terminal nos Estados Unidos deve ser mais alto que o esperado. Não só cresceram as apostas de que a taxa deve ficar acima de 5,5% no fim do ano, como também se tornou majoritária a expectativa de elevação de 50 pontos-base na reunião de março.

A taxa da T-Note de 2 anos superou 5,00% pela primeira vez desde junho de 2007. Com isso, a inversão na curva entre as T-Notes de 2 e 10 anos atingiu maior amplitude desde 1981, com o spread negativo de mais de 100 pontos-base.

"Powell aproveitou a primeira oportunidade pública que teve para jogar o gato em cima do telhado e passou recibo de que a redução do ritmo de alta para 25 pontos pode ter sido prematura", disse a economista-chefe da MAG Investimentos, Patricia Pereira. A reação limitada da curva, para ela, esteve relacionada à percepção de que os ativos brasileiros estariam "baratos" se o País tiver um bom arcabouço fiscal, "embora hoje não tenha tido nenhuma linha sobre o assunto".

A economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, também atribui o relativo descolamento da curva à expectativa de que a nova âncora fiscal saia no curto prazo, ponderando ainda que os DIs embutem prêmios elevados, o que dá espaço para alguma resistência. Haddad disse ontem que o desenho já está fechado na Fazenda e que resta apresentá-lo ao restante da equipe econômica. "A antecipação da apresentação da regra de agosto para março é uma boa notícia, embora se saiba ter sido por uma questão política para pressionar o Copom. É muito difícil que num prazo de um mês se chegue a um desenho fiscal de boa qualidade", comentou.

Notícia